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quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Transferir-se

O deus quis sair das tendas
E pediu uma casa ao ser humano.
Ele se transferiu!
E foi assim que o ser feito passagem
Escolheu a permanência ao transitório.
Viver é comer poeira
E perambular no deserto do Outro.
Apaixonar-se é declarar-se em êxodo...
É descobrir no rosto que interpela
Uma promessa escrita no passado...
Mas relida duas vidas depois.
O amor começou numa carona.
E esperou anos pra percorrer a estrada inevitável do encontro.
A mesma estrada que alimenta a saudade
Possibilita o encontro.
A casa se constrói no Acaso...
Preferir-se é ferir-se.
Amar é transferir-se!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Distância

Ela diz tudo.
Nasceu da obrigação humana em ser racional.
Não que ele assim o fosse,
Mas a angústia evasiva do tempo não lhe permitiu ser outra coisa.
A distância é a irracionalidade do afeto.
Ela conjuga o verbo desabraçar em silêncio.
Vi pessoas distanciadas pelo poder,
Vi pessoas distanciadas pela moral,
Vi pessoas distanciadas pelo medo,
Mas sobretudo vi pessoas que de tanto se amarem,
Só existem mesmo longe uma da outra.
Estar perto também tem um quê de mortalidade.
Distante é apenas uma questão de perspectiva.
A Lua é infinitamente distante da Terra,
E ainda assim a alcançamos
Com foguetes frios
E astronautas asfixiados.
Mas é apenas na poesia dos apaixonados
Que a Lua pode ser tocada com um simples olhar.
Amor é aquilo que nasce na proximidade,
Mas se prova de longe.
Não se entrega o pão do café da manhã pra quem acorda a mil quilometro de distância.
Mas também as refeições congeladas conservam seu sabor...
A ilusão desespera.
O Amor Espera.