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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Verbo e Conjunção

Para os gregos, a verdade também era verbo.
Alethew, antes de ser substantivo, era movimento.
E, só por isso, era um imperativo.
Concordo plenamente com eles.
O verdadeiro não é algo que se busca
Mas que se percorre.
E ai daqueles que insistem em alcançá-lo
Sem antes tê-lo sentido.
Vivemos um tempo em que a verdade se esconde em castelos longínquos.
E os que fingem tê-los tomado, erguem pontes intransponíveis.
Sim, eu temo um mundo em que o verdadeiro se transformou em Rapunzel.
E habita solitário no alto da torre.
Ainda que ela lance seus cachos escurecidos pelo tempo abaixo,
Não há príncipes capazes de escalá-los.
Quando a verdade se entrincheira,
(E há várias delas escavadas por aí, na imbecilidade humana)!
É sinal de que a guerra está próxima.
A Verdade não se fez letra.
A Verdade se fez gente.
E movimento.
Talvez seja por isso que eu goste tanto da palavra Amor.
Por terminar em "r", ela é infinitiva.
E não existe no meu vocabulário sem ser verbo.
No amor, todo movimento cabe.
Não se trata de fazer do amor uma verdade encastelada.
Ele já pulou das torres de insegurança faz tempo.
E não morreu!
Saiu correndo!
Prá longe de qualquer calabouço pálido,
O amor é a verdade em movimento.
Incessante, abrupto e, na maioria das vezes,
Inesperável!
Não, ainda assim, não temas baixar as pontes de seu castelo para o amor entrar.
Ainda que ele derrote seus exércitos,
E invada seus palácios de falsas certezas,
Acredite! No final valerá a pena inclusive a derrota.
Se a verdade e o amor são verbos,
A incerteza é conjunção.
Amor, Verdade e Dúvida:
Tríade inseparável!
E movediça!





terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ignorância

Há uma brasa acesa em cada canto.
Esperando um sopro para levantar fogueiras.
A ignorância é feita de fogo,
O ígneo da mediocridade se acende na lenha alheia.
O ignorante não tem luz própria,
E queima de inveja dos que iluminam as noites.
No fundo, o ignorante não se esquenta.
Ele é apagado, triste, e por isso, frio.
E vive da fumaça preta dos horizontes distantes.
Na mata das diferenças, ele não consegue fazer faísca dos galhos secos.
E permanece no escuro,
Circulando ao redor das inverdades,
E dos jogos ocultos do medo.
Sim, o ignorante é apavorado diante da própria insegurança.
E faz do outro um palco para receber um brilho que nunca teve.
A ignorância não tem nome.
Tem espreita.
Ela não mostra o rosto,
Se esconde nas frestas.
Não se vence o ignorante com argumentos.
Ele não precisa deles.
Aliás, o ignorante não precisa de nada.
Ele se basta.
E perambula pelas ruas apagadas à procura de cacos.
Sim, o ignorante se constrói de cacos.
E os utiliza para ferir os que passam por seu caminho.
Não se preocupe com o fogo dos ignorantes.
Ele não queima.
Ele só faz fumaça.
Antes, junte a lenha colocada sob seus pés,
E acenda um universo redimido.
Feito de acusações exteriores vazias
E atitudes interiores concretas.
Porque ao final, o que resta mesmo, é sempre a cinza.
É no arder da vida que o amor emana...
Fumegante... livre...
Evaporadamente livre.