Não contem pra ninguém,
Mas uma chuva de evidências me revelaram
Que todos os substantivos um dia já foram verbos.
Sim, foi desse modo que o infinitivo se fez trágico
E habitou o território moral das palavras limitadas.
Assim é a vida humana,
Nascemos todos em forma de interjeição,
Aos berros,
E bem devagarinho, vamos nos tornando verbos.
Chorar, Mamar, Engatinhar, Andar, Correr... Morrer.
Mas a coisa só piora mesmo
Quando o "viver" se condiciona ao "estudar", "trabalhar"...
E tudo isso misturado ao "apaixonar-se", que,
Pra piorar a situação,
Quis se fazer reflexivo desde sempre.
Foi o "se" que substantivou tudo.
E fez dos "abraços", do "beijos", e outros tantos...
Uma carência enorme de objetos
Indiretamente dispostos à indisposição em forma de aposta.
E reveladas em forma de "Tu".
Nos tornamos adultos quando descobrimos que "Amor",
Ainda que termine em "erre" como todo infinitivo,
Já não é mais Verbo, mas qualquer coisa escrita entre aspas...
Que nenhum conceito ou palavra humanas
Podem alcançar ou definir.
É na suspeita de cada "e se...?"
Que o Amor se revela fugitivo...
E absurdamente ilógico.
O deus, que não é bobo nem nada,
Quis mesmo foi, de Verbo, se fazer Palavra.
Pronunciada nas andanças amantes desse mundo des-dito.
Sim, Ele foge dos ditados.
E prefere o mistério do Amor feito gente.
Gr-"Amar"-tica da suspeita.
Visitas
quarta-feira, 31 de julho de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
As três Marias
Elas despontam no leste.
E são as primeiras estrelas que aprendi a reconhecer no firmamento.
As únicas que, se apontadas com o indicador,
Não fazem nascer verrugas,
De tão santas que são!
As três Marias decoram o cinturão do Órion,
E cingem o caçador que se ergue para o combate.
Eu, que escolho sempre as estrelas mais altas para me apaixonar,
Vejo nelas um norte antes mesmo de serem leste.
Trinitariamente deduzem o Criador feito brilho
Que não quis permanecer no céu longínquo,
Mas percorrer à velocidade da luz
O chão escuro e pontilhado de humanos apagados.
Uma estrela precisa ser amada antes de alcançada.
Inatingível, ela se pisca nas nebulosas de si,
Misteriosas, envolventes, e repletas de penumbra.
O vaga-lume não é astro porque se deixa alcançar
E se torna refém dos frascos transparentes que o rodeiam.
As três Marias, impávidas, não apagam nunca.
Como o amor, elas preferem orbitar ao redor dos segredos,
E das idas e vindas chamadas de Noite e Dia.
Eu, que me astronauto em ideias feitas foguetes,
Toco o céu com meus sonhos galácticos.
Para quem se depara com o inatingível e desiste,
Três pontos brilhantes na escuridão são apenas uma constelação
E nada mais.
Mas para quem insiste, sem temer os buracos negros vindouros,
As Três Marias serão sempre sinais
Do amor feito reticências
...
E são as primeiras estrelas que aprendi a reconhecer no firmamento.
As únicas que, se apontadas com o indicador,
Não fazem nascer verrugas,
De tão santas que são!
As três Marias decoram o cinturão do Órion,
E cingem o caçador que se ergue para o combate.
Eu, que escolho sempre as estrelas mais altas para me apaixonar,
Vejo nelas um norte antes mesmo de serem leste.
Trinitariamente deduzem o Criador feito brilho
Que não quis permanecer no céu longínquo,
Mas percorrer à velocidade da luz
O chão escuro e pontilhado de humanos apagados.
Uma estrela precisa ser amada antes de alcançada.
Inatingível, ela se pisca nas nebulosas de si,
Misteriosas, envolventes, e repletas de penumbra.
O vaga-lume não é astro porque se deixa alcançar
E se torna refém dos frascos transparentes que o rodeiam.
As três Marias, impávidas, não apagam nunca.
Como o amor, elas preferem orbitar ao redor dos segredos,
E das idas e vindas chamadas de Noite e Dia.
Eu, que me astronauto em ideias feitas foguetes,
Toco o céu com meus sonhos galácticos.
Para quem se depara com o inatingível e desiste,
Três pontos brilhantes na escuridão são apenas uma constelação
E nada mais.
Mas para quem insiste, sem temer os buracos negros vindouros,
As Três Marias serão sempre sinais
Do amor feito reticências
...
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Gramática da Existência
Onde tudo parecer conduzir a um ponto,
Ver vírgulas.
Encher de apostos as frases
Que fizeram de pronomes pessoais meros artigos definidos solitários.
Traduzir em adjetivo o que o tempo substantivou sem piedade.
Exclamar, sem pontuar, após cada interrogação,
Que o Ser preferiu ser uma sequência de hífens.
E por fim, colocar os "dois pontos" deitados
E acrescentar mais um,
Para que o infinito trinitário nos ensine que tudo acaba em reticências
...
Ver vírgulas.
Encher de apostos as frases
Que fizeram de pronomes pessoais meros artigos definidos solitários.
Traduzir em adjetivo o que o tempo substantivou sem piedade.
Exclamar, sem pontuar, após cada interrogação,
Que o Ser preferiu ser uma sequência de hífens.
E por fim, colocar os "dois pontos" deitados
E acrescentar mais um,
Para que o infinito trinitário nos ensine que tudo acaba em reticências
...
terça-feira, 23 de julho de 2013
Entre vírgulas
A eternidade pressupõe vírgulas.
Quem já pontuou de finais e finalidades a própria caminhada
Já não tem mais linhas a serem escritas...
Aliás, nem caminho tem,
Está pronto para ser arquivado nas estantes empoeiradas do que já passou.
Sempre detestei arquivos.
Eles são empoeirados e repletos de silêncio.
Não há comunicação entre as pastas gordas e patuscas de documentos.
O que torna uma pessoa jovem
Não é o pouco tempo percorrido de vida,
Mas o o que se deseja enquanto vida para além do tempo.
Velho é quem apagou as vírgulas da própria escrita de si,
E preferiu o "ditado" seguro aos "aforismos" misteriosos do existir.
Um texto que termina em vírgula,
É sempre um texto inacabado,
Onde a palavra procurada ficou à espreita
E não quis se dar ao autor assim de qualquer jeito.
Escrever é procurar as palavras entre o não-dito,
É enfiar-se em brechas onde os conceitos não conseguem adentrar.
O deus feito Verbo e andança não explicou o caminho.
Se fez caminho.
E repousou a verdade ente o caminho e a vida.
Quem já pontuou de finais e finalidades a própria caminhada
Já não tem mais linhas a serem escritas...
Aliás, nem caminho tem,
Está pronto para ser arquivado nas estantes empoeiradas do que já passou.
Sempre detestei arquivos.
Eles são empoeirados e repletos de silêncio.
Não há comunicação entre as pastas gordas e patuscas de documentos.
O que torna uma pessoa jovem
Não é o pouco tempo percorrido de vida,
Mas o o que se deseja enquanto vida para além do tempo.
Velho é quem apagou as vírgulas da própria escrita de si,
E preferiu o "ditado" seguro aos "aforismos" misteriosos do existir.
Um texto que termina em vírgula,
É sempre um texto inacabado,
Onde a palavra procurada ficou à espreita
E não quis se dar ao autor assim de qualquer jeito.
Escrever é procurar as palavras entre o não-dito,
É enfiar-se em brechas onde os conceitos não conseguem adentrar.
O deus feito Verbo e andança não explicou o caminho.
Se fez caminho.
E repousou a verdade ente o caminho e a vida.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
O Dia, a Noite e o Desejo
Tudo começou assim:
Era uma vez o Desejo.
Ele habitava o interior da Noite,
Que, calada e adormecida,
Vivia ao acaso das naves espaciais vagando em suas galáxias pálidas.
Entre cometas e estrelas mortas distantes,
A Noite não sabia ser outra coisa senão escura.
Tão escura, mas tão escura, que nem se enxergava mais.
Mas bastou uma fogueira acesa.
E uma fumaça bêbada cintilante,
Para que um tal de Dia despertasse o Desejo que jazia embaixo das cobertas.
E a Noite, naquela noite, explodiu qual noite anoitecida de São João!
O Dia tinha cor de cobre.
E era como uma panela mineira reluzente,
Dependurada entre réstias e colheres de pau.
De repente, ambos se encostaram sobre o balcão,
E entre a Tarde que separava os dois,
Cada um pôde ver um brilho aceso na penumbra do outro.
O Dia tinha lá suas nuvens.
Mas a Noite, repleta de estrelas distantes e solitárias,
Só sabia piscar em um sem número de constelações giratórias.
Então o deus disse: Faça-se a luz! E luz foi feita.
E uma descarga elétrica de milhões de watts foi sentida em todo universo.
Foi exatamente aí, que atordoado pelo choque entre os dois,
O Impossível fez ecoar em toda imensidão caótica do universo
Seus trovões avassaladores em forma de Tempestade.
Choveu durante 40 dias e 40 noites.
O suficiente para até peixe morrer afogado,
E para que as lágrimas da Noite banhassem de Adeus um mundo feito de Arcas tristes.
O fim, esse ainda não se conhece.
Não foi escrito.
Mas ouvi pelas esquinas que a Noite foi vista nadando em direção contrária,
Como que fugindo da Alvorada que sempre vence no fim da Madrugada.
Entretanto, a Oração depositada sobre a cômoda do Dia,
Não permite com que a Noite desabe em Trevas.
E a faz acreditar que o Impossível,
Tal como uma Chuva de verão que lava toda superfície-superficial da história...
É apenas só mais um momento desse Universo fascinante...
Trágico, mas perdidamente fascinante!
O Desejo perdeu definitivamente o sono.
Era uma vez o Desejo.
Ele habitava o interior da Noite,
Que, calada e adormecida,
Vivia ao acaso das naves espaciais vagando em suas galáxias pálidas.
Entre cometas e estrelas mortas distantes,
A Noite não sabia ser outra coisa senão escura.
Tão escura, mas tão escura, que nem se enxergava mais.
Mas bastou uma fogueira acesa.
E uma fumaça bêbada cintilante,
Para que um tal de Dia despertasse o Desejo que jazia embaixo das cobertas.
E a Noite, naquela noite, explodiu qual noite anoitecida de São João!
O Dia tinha cor de cobre.
E era como uma panela mineira reluzente,
Dependurada entre réstias e colheres de pau.
De repente, ambos se encostaram sobre o balcão,
E entre a Tarde que separava os dois,
Cada um pôde ver um brilho aceso na penumbra do outro.
O Dia tinha lá suas nuvens.
Mas a Noite, repleta de estrelas distantes e solitárias,
Só sabia piscar em um sem número de constelações giratórias.
Então o deus disse: Faça-se a luz! E luz foi feita.
E uma descarga elétrica de milhões de watts foi sentida em todo universo.
Foi exatamente aí, que atordoado pelo choque entre os dois,
O Impossível fez ecoar em toda imensidão caótica do universo
Seus trovões avassaladores em forma de Tempestade.
Choveu durante 40 dias e 40 noites.
O suficiente para até peixe morrer afogado,
E para que as lágrimas da Noite banhassem de Adeus um mundo feito de Arcas tristes.
O fim, esse ainda não se conhece.
Não foi escrito.
Mas ouvi pelas esquinas que a Noite foi vista nadando em direção contrária,
Como que fugindo da Alvorada que sempre vence no fim da Madrugada.
Entretanto, a Oração depositada sobre a cômoda do Dia,
Não permite com que a Noite desabe em Trevas.
E a faz acreditar que o Impossível,
Tal como uma Chuva de verão que lava toda superfície-superficial da história...
É apenas só mais um momento desse Universo fascinante...
Trágico, mas perdidamente fascinante!
O Desejo perdeu definitivamente o sono.
terça-feira, 2 de julho de 2013
Neologismo
As palavras não suportam as ideias.
E por isso se neologizam.
Um conceito, por mais complexo e definido que seja,
Não consegue exprimir a relação de espaço e tempo que uma ideia alcança.
Há tantos tempos quanto espaços possíveis.
Ou a existência é neologismo
Ou ela se contenta em ser dicionárica.
O amor começa com uma ideia.
Vai se escrevendo de mansinho,
E entre vírgulas e travessões,
Exclama-se em palavras nunca ditas.
E sempre novas. Faceiras.
As palavras mais levadas são as mais elevadas.
Quando o amor se tornou e-ditado,
É porque o que foi ouvido se tornou repetido.
E o olhar já vagueia entre espaços e reticências.
Amar neologicamente é amar sem entender tudo.
Para que a busca seja sempre viva e repleta de surpresas.
É recusar-se a fazer do outro um conceito.
Afinal, todo conceito já deu o que tinha de dar.
Amar neologicamente é alquimia.
Repleta de riscos de explosões com consequências atômicas.
É a opção pelo híbrido em forma de abraço.
E todo abraço já começou híbrido!
O neologismo aposta naquilo que não está no Aurélio.
E, sendo todo torto, serpenteia os verbos em forma de "e ses..."
Para que o amor não se torne um inventário,
É preciso ser inventado mesmicamente,
Repetideiramente,
Repetidrásticamente,
No eterno ir-além que o Verbo-feito-andança exige.
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