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terça-feira, 24 de novembro de 2009

Tornar a vida uma obra de arte

A obra de arte traz memória.
Ela nos faz recordar a beleza do universo.
Nela admiramos o artista,
que com toque delicado pintou a existência.
Todos nós deveríamos nos entender como obras de arte.
Deveríamos ter o gosto de ser contemplados.
Na exposição cotidiana do universo,
estamos sempre à luz dos olhos dos outros.
Cada olho que nos vê, cada boca que se abre em sorriso pra nós,
deve sempre se lembrar das mãos que nos agraciaram.
Mão de artista, mão suave.
Mãos marcadas de vermelho...
Não de tinta, mas de sangue de amor!

domingo, 15 de novembro de 2009

Ela (a vida) me chamou pra dançar...

“Em teu olho olhei há pouco, ó vida! Vi ouro cintilar em teu olho noturno, parou meu coração diante dessa volúpia. Um batel de ouro vi cintilar em águas noturnas, um batel de ouro a balançar, que afundava, bebia água e tornava a acenar! Para o meu pé frenético pela dança, lançaste um olhar, um olhar a balançar, que sorria, indagava, enternecia. Duas vezes apenas, bateste tuas castanholas com mãos pequenas – e já meu pé balançava no frenesi pela dança. – Meus calcanhares se erguiam, meus dedos do pé escutavam, para compreender-te: pois o Dançarino, afinal, tem o ouvido no dedo dos pés! Em tua direção saltei (...) Acompanho-te na dança, sigo-te até por ínfimos vestígios”
(Nietzsche, Zaratustra III – Outro canto de dança).

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Numa fração de segundos

"Eternidade é tudo aquilo que dura uma fração de segundos mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força consegue destruir"

Carlos Drummond de Andrade

Minha vida não cabe num Opala

Opala é tudo aquilo que é grande, corre demais.
Opala é luxuoso.
Opala é um carro caro...
Bebe muito.
Minha vida é mais que isso.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

De volta ao desassossego

Tenho as opiniões mais desencontradas, as crenças mais diversas.
É que nunca penso, nem falo, nem ajo...
Pensa, fala, age por mim um sonho qualquer meu, em que me encarno de momento.
Vou a falar e falo eu-outro.
Do meu, só sinto uma incapacidade enorme, um vácuo imenso, uma incopetência ante tudo o que é vida. Não sei os gestos a acto nenhum real.
Nunca aprendi a existir.
Tudo o que quero consigo, logo que seja dentro de mim.
Quero que a leitura deste livro vos deixe a impressão de terdes atravessado um pesadelo voluptuoso.
O que antes era moral, é estético hoje para nós... O que era social é hoje individual...
Para quê olhar para os crepúsculos se tenho em mim milhares de crepúsculos diversos - alguns dos quais que o não são - e se, além de os olhar dentro de mim, eu próprio os sou, por dentro?

Fernando Pessoa

sábado, 7 de novembro de 2009

Eu não acredito

Eu não acredito nas palavras.
Eu não acredito em lobisomem.
Eu não acredito em democracia.
Eu não acredito em mega-sena.
Eu não acredito em acupuntura.
Eu não acredito em herbalife.
Eu não acredito na gordura trans.
Eu não acredito que trident limpa os dentes.
Eu não acredito que o mundo vai acabar.
Eu não acredito que o céu é um lugar.
Eu não acredito que o inferno é um lugar.
Eu não acredito em duendes.
Eu não acredito que dinheiro faça alguém mais feliz.
Eu não acredito que falta de dinheiro faça alguém mais feliz.
Eu não acredito no dinheiro, e na felicidade como estado pronto e acabado.
Eu não acredito que o mijo do sapo cega.
Eu não acredito que tatu peba come defunto.
Eu não acredito que quero-quero tem espora nas pernas.
Eu não acredito em tudo que leio.
Eu não acredito em tudo que falo.
Eu não acredito que posso falar.
Eu não acredito que o tempo passa.
Eu não acredito no que eu acreditava há cinco minutos atrás.
E, por isso, não acredito que alguém possa viver sem crer,
Naquele que, apesar de tudo isso, acredita apaixonadamente em mim!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A DANÇA DESENFREADA DA VIDA

Só posso acreditar num Deus que me chama pra dançar...
Tudo é movimento... nada permanece.
Ou entramos na roda, ou permanecemos imóveis,
Encostados no pilar do salão,
Ou na mesa, sozinho... com um copo vazio na mão.
Quero empurrar mais gente pra dentro da pista de baile...
Mesmo sabendo que talvez fique só...
Só eu e o vazio de uma mesa triste.
Eu e a certeza de não pisar em nenhum pé descalço.
Mas na alegria de ver saias rodando...
Mãos se entrelaçando...
Olhos piscando.
E o cansaço doce e maroto,
De quem gastou a vida ensinando passos!

Meu cansaço que outros descanse

No cansaço temos a opção de descansar
Não a nós mesmos,
Mas a outros,
Que inebriados pela correria da vida,
buscam em nós a força pra continuar.
Temo um mundo onde não haja cansaço.
Mas apenas esforços inúteis...
E onde o descanso seja para fugir de si.
E dos outros.
Cansemo-nos pela vida.
E pelo próximo!