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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Pelo Avesso

Os púlpitos mais falantes são os corpos.
Neles, uma pregação silenciosa é destilada.
Lenta.
Suspeita
E, por isso, autêntica.
Nos beijos mais teimosos, as revoluções impossíveis.
Nos abraços, o desembaraço da bur(r)ocracia.
As pálpebras são as vírgulas do rosto,
Porque ligam os olhares como apostos fúteis.
O corpo não usa palavras pra vestir as ideias.
Ele se despe para i-nú-tilizar os conceitos.
Toda pele é uma forma de aspas.
E toda boca um travessão.
A política é arte de governar o silêncio dos corpos.
Para reduzi-los aos tristes lugares cativos de sempre.
O amor faz mesmo é inverter os corpos...
Pois é pelo avesso que o deus quis habitar o mundo.