Não se
aprende poesia sem alfinetes.
Pois
costurar é o primeiro passo pra ser aprender a escrever.
As ideias
são tecidos crus. Inteiros.
Esticados
sobre o corpo rígido do poeta-alfaiate.
Rasgar o
real.
Cortar a
lógica.
Desfiar o racional.
Tecer os
vestidos da imaginação...
Poesia é
traje de gala costurado à mão trêmula.
É roupa de
missa. Justa. Impecável.
Fazer versos
é forrar os botões do que não existe.
Marcar as
barras do pés do invisível.
Engomar a
vida de cheiro e sentido.
As ideias
nuas são obscenas e interditas.
Escrevo para
cobrir as vergonhas do Ser.
Afinal, é no
ateliê da Palavra que aprendi fazer dos trapos da vida um desfile.