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sábado, 14 de maio de 2016

Poesia à cabidela

Eu evito escrever com a barriga cheia,
Porque sinto meu estômago devorando as palavras com pressa.
Gosto mesmo é de escrever com fome,
Pra escrever rápido e com raiva.
O que você tem de melhor é o sorriso, Menina.
Que te faz parecer sempre desprevenida.
Amor é tudo aquilo que ao invés de encher seu copo,
Te oferece canecas coloridas,
Para que apenas sua liberdade decida o que cabe dentro.
Minha carne transborda porque minha alma secou.
E a carne, que não é boba nem nada,
Pulou pra fora pra não morrer de sede.
Os filmes argentinos são irônicos e eu os amo.
E, pro meu gosto, só perdem pros pernambucanos,
Que derretem Almodóvar em suas cores, de tão quentes.
Não são as grandes lutas políticas que me salvam do tédio,
São as minúsculas, feitas de uma multidão de nadas.
Escrever é recolher o que sobra,
Picar pequenininho,
E cozinhar ao próprio sangue temperado de saudade.
Minha poesia será sempre à cabidela.