Visitas

quinta-feira, 25 de março de 2010

Uma criança segurando a placa

Hoje, na estrada, vi uma criança segurando uma placa de trânsito.
Ou seria a placa que segurava a criança?
Fundidos. Placa, criança, trânsito, eu.
A seta apontava o caminho.
A criança queria apontar-se. Segui-lo? Talvez!
Há no mundo e em mim uma grande sede por setas.
Há tempos penduro-me em setas vazias.
Há tempos as estradas parecem todas nuas.
O caminho permanece lá, mas eu, criança, sigo pendurado.
A ausência de placas desencaminha-me. Tenho que confessar!
Caminhos, caminhos, caminhos.
Na inconseqüência da vida-seta, percebo-me agarrado ao tempo.
Tento prender num instante aquilo que nunca foi.
Tento traduzir em palavras aquilo que o caminho mudou.
In-con-sequência.
Não há sequências comigo. Só caminhos e placas desconexas.
Por que não consigo agarrar-me a nada? (Ninguém?)
Por que as setas continuam virando?
Segui-lo?

Ao teu lado direito espero.
E tento pendurar-me no que já não vejo.

Nenhum comentário: