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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Fondo

O verbo ser é um grande problema da gramática.
Aliás, a gramática tem muitos problemas.
Ser no passado é fui.
Porém, como podemos ter sido, se ainda estamos sendo?
Nada do que somos é sem que ainda estejamos sendo.
Hoje quero desverbear.
Fondo! Essa é minha afirmação.
Todos estamos fondo.
Ser sendo é desprezar o pobre coitado do que fui-ainda-há-pouco.
Mesmo que o meu pretérito seja imperfeito, ele é meu.
Nele sejo-me. Nele fundo-me.
Porque o momento do já é algo que ainda não foi.
Eu fondo aquilo que acho que sou.
Sem pretensão de me desviar do meu passado-sendo.
O mundo seria mais belo se nossos fondos se fundissem.
Fundemos o tempo do fondo.
E futuraremos nele.

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