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sábado, 30 de julho de 2011

O menino e os pães

Eu vi um menino vendendo pães.
Ele tinha um cesto a tiracolo,
E um pé vestido de chinelos.
No seu cesto, dois pães não vendidos.
Meu primeiro trabalho foi vender pães na rua.
Minha mãe os assava no nosso forno vermelho.
E eu os oferecia, pelas ruas, à tarde.
Foi minha primeira missa.
Vender pães, para mim, era salvar o universo.
Eu tinha uma monareta cor de vinho.
Um cesto de palha.
E um boné azul.
O cesto, por algumas horas, se transformava num presépio.
Onde o Menino-Jesus era um pão fumegante.
E a multidão se saciava de Deus-com-manteiga.
O trabalho é a missa da humanidade.
Nele se celebra a liturgia da existência.
Hoje, sinto falta do meu cesto-presépio.
Falta pão em meu pedalar.
Senhor, dai-me Vós mesmo de comer.

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