Visitas

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Um punhado de memória

Escrevo para me recusar.
A diferença entre uniformidade e unidade
É a ponte necessária entre o absurdo e a liberdade.
Tristes tempos em que no meu país as pessoas viraram conceitos.
Enroladas em bandeiras que tremulam sem vento.
A poesia prevalece porque não vira sujeito.
E por isso a arte em mim insiste apesar do tédio.
A revolução não será televisionada nem ao vivo.
Revolução a gente faz é com um punhado de memória.
Ouvi no ônibus, copio e colo:
"O meu grito de protesto eu dei
Quando não te encontrei subindo a Brigadeiro naquele junho.
Eu te beijaria ali.
E nos calaríamos pra tudo à nossa volta.
Naquele dia eu tinha deixado o medo em casa".
Tenho medo das pessoas que trocam beijos por ofensas.
E se esquecem que lábios têm sabor de pólvora quando mordidos.
O calor de teus dedos curtos são da temperatura desse Abril ardido.
E eu ainda os sinto, mesmo que distante.
Ser-se acreditando na carne-feita-verbo!
O banco de trás do carro
Continua não cabendo nosso silêncio-limite-e-desejo.
Enquanto lá fora as teorias se embebedam,
Eu me recuso a ser uma equação invariável de propostas.
As fronteiras do meu país são líquidas.


Nenhum comentário: