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terça-feira, 10 de novembro de 2009

De volta ao desassossego

Tenho as opiniões mais desencontradas, as crenças mais diversas.
É que nunca penso, nem falo, nem ajo...
Pensa, fala, age por mim um sonho qualquer meu, em que me encarno de momento.
Vou a falar e falo eu-outro.
Do meu, só sinto uma incapacidade enorme, um vácuo imenso, uma incopetência ante tudo o que é vida. Não sei os gestos a acto nenhum real.
Nunca aprendi a existir.
Tudo o que quero consigo, logo que seja dentro de mim.
Quero que a leitura deste livro vos deixe a impressão de terdes atravessado um pesadelo voluptuoso.
O que antes era moral, é estético hoje para nós... O que era social é hoje individual...
Para quê olhar para os crepúsculos se tenho em mim milhares de crepúsculos diversos - alguns dos quais que o não são - e se, além de os olhar dentro de mim, eu próprio os sou, por dentro?

Fernando Pessoa

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