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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

APOTEÓSE DO ABSURDO (por Fernando Pessoa)

Sigo às vezes em mim, imparcialmente, essas coisas deliciosas e absurdas que eu não posso poder ver, porque são ilógicas à vista,
Pontes sem donde nem pra onde,
Estradas sem princípio nem fim,
Paisagens invertidas -
O absurdo, o ilógico, o contraditório,
Tudo quanto nos desliga e afasta do real e do seu séquito disforme de pensamentos práticos e sentimentos humanos e desejos de ação útil e profícua.
O absurdo salva de chegar a pesar de tédio aquele estado de alma que começa por se sentir a doce fúria de sonhar.
Absurdemos a vida, de leste a oeste.

Um comentário:

mariab disse...

O que alimenta a alma é muitas vezes a “irracionalidade” ou a falta de lógica do que sonhamos… Não podemos sofrer por uma “falta de absurdo”.
Concordo com o Pessoa na pessoa… “ABSURDEMOS"