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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Veias furadas

Hoje fui fazer exame de sangue.
Levei uma porção de picadas.
Não acharam minha veia. Meu sangue se escondeu.
A explicação: Minhas veias se comprimiram!
Fico imaginando que a vida funciona do mesmo modo.
Somos chamados, como agulhas finas, a entrar em veias escondidas.
O ser humano é uma veia comprimida entre medo e coragem.
O mundo é uma veia.
Nele percorrem litros e litros de vidas fluídas e passageiras.
Deus me deu uma veia para eu achar.
E furar.
Deus me deu uma veia longa e contínua que insiste em se comprimir.
Tenho medo de picar, picar, picar e não achar nada em mim.
Tenho medo de uma geração que não se deixa penetrar por nada.
Dói ser furado.
Ser agulha dói também.
Ela teme a ansiedade complexa do sistema circulatório.
Ela teme a fluidez incessante da vida.
Ó Deus, dá-me a graça de penetrar não apenas veias...
Mas também corações.
E pulsar o mundo com minha existência.
E serei sangue quente.
Fervendo corpos e almas.

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