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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sobre o amor e o tempo

O tempo é a tensão constante entre o desejo irreconciliável e o inferno das possibilidades. Somos completamente reféns do possível. Quando vislumbramos algum fato ou dimensão até então não alcançada, movemos todos os nossos afetos em direção a esse algo e a ele servimos completamente. O tempo se coloca então como uma corda estendida entre o desejo e o possível. Não ter possibilidades é viver sem tensões. Não ter desejo é permanecer com a corda arriada, e sem fluxo de energia no corpo. O corpo é o lugar onde as tensões habitam. Nele, o impossível amedronta e o possível grita socorro. Render-se aos apelos insaciáveis do desejo é afrouxar a corda também. Preferir o irremediável sim ao possível já é fugir do solo seguro do hoje. Não há hoje para quem tem um possível! Não há impossível para quem deseja! O amor é o lugar do salto. É um possível sempre adiado. É uma corda estendida na direção contrária, pela qual poucos atravessam. O amor é a resposta do impossível! Este, eternamente refém do medo, incendeia corpos e cordas e nos ensina a dizer, no hoje, o que esperamos amanhã. O amor é o que possibilita o desejo. E impossibilita o tempo.

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