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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Sobre cachorros e carrapatos

Meu cachorro está cheio de carrapatos.
Hoje ele andou triste pelos cantos da casa.
Nem chacoalhou o rabo direito.
Coitado.
Um rabo de cachorro quieto é sinal de tragédia.
Tenho visto que uma porção de coisas está cheia de carrapatos.
O carrapato é um ser parasita.
Ele chupa sangue.
Diferentemente dos vampiros,
Que também chupam sangue,
Os carrapatos são seres vivos!
Meu cachorro me pediu pra cuidar dele.
Meu Deus! Quanta coisa pedindo cuidado!
Olhares chupados!
Eu nunca preferi cachorros a gente.
Eu, que gosto de cachorros,
Optei cuidar de ser humano.
Eu escolhi salvá-los com minha vida!
Heróico né!? Poético!?
Gastar a vida se doando pela humanidade!
Porém, tenho visto muitos olhos me lambendo.
Pedindo cuidado. Que não tenho dado como deveria.
Cada ser humano, igual ao cachorro, é um ser vivo!
Todavia, hoje, senti uma grande tristeza,
Ao ver meu pobre animal-ser-vivo sendo chupado,
Sugado por inescrupulosos parasitas,
Descobri que tenho cuidado muito pouco do mundo.
Aliás, tenho cuidado muito pouco de cachorros,
E muito menos de gente.
Olhando os seres vivos, percebo que aquilo que faço,
É uma mísera parte nesse universo enorme.
Não quero passar minha vida me deparando com cachorros tristes,
Implorando carinho e remédio contra carrapato.
Mas como fugir de olhares?
Meu Deus! O mundo me pesa hoje sobre os meus ombros!
Tanto carrapato sugando gente por aí afora...
E eu não consigo sequer arrancar um!
No fundo, começo a crer que o que mais envenena o coração humano,
É esse desejo de querer ser a solução carrapaticida do universo.
Essa vontade maluca de querer resolver o problema do cosmos,
Como se uma ação pessoal fosse interferir na lógica inter-estelar,
Ou como se um espirro que sai do nosso interior,
Fosse mudar a cor da galáxia.
Meu Deus, a vida já foi salva!
Não está em meu poder transformar água em vinho novamente.
Carrapatos vêm e vão sobre todos os cachorros do planeta terra.
E de todos os planetas da via-láctea.
Hoje, decido por contemplar o mundo da perspectiva do carrapato também.
E descobrir nos seres vivos um desejo doido de sangue.
Sugo, logo existo.
Quem de nós não suga ou foi sugado um dia?
Quem de nós não se carrapateou nem que seja por um microinstante?
A pior tentação humana é achar-se a solução de tudo.
No fundo, não solucionamos nada.
Aliás, tudo já foi resolvido,
Quando no alto de uma cruz,
O Sangue se esvaiu até a última gota!
Quem sou eu, para achar que com minhas desajeitadas mãos,
Vou conseguir tirar os carrapatos da vida!
Mas prometo fazer de tudo,
Para não me tornar carrapato também!

Um comentário:

mariab disse...

O”Brad Pitt” também tá cheio de carrapatos, eta coisa chata!!
Ah! o Brad é o meu cãozinho.