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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sobre assaltos e incêndios

Assisto absorto as manifestações violentas do consumo.
Londres, Gangues das Meninas, etc. etc.
Não se rouba para se manter vivo.
Não se incendeia clamando subsitência,
Ou invocando a revolução.
Uma menina furta um relógio para se "parecer" com a atriz da novela.
Um manifestante explode uma vitrine para poder "ter" o celular de última geração.
O limite humano de se esvair na tentação do consumo alcançou o patamar da violência.
Para poder saciar um desejo momentâneo do possuir algo,
Justifica-se roubar, matar, queimar.
Eu me recuso a acreditar que nossa capacidade criativa,
Tanto exaltada por filósofos e cientistas,
Esteja fadada a chafurdar entre quimeras de plástico.
É muito triste reconhecer que vivemos em uma época fútil.
Onde morremos de trabalhar pra simplesmente comprar, comprar.
- Você me alicia com seu tênis de marca!
- Sou seduzido por seu óculos de mil reais!
- Por favor, dê-me algo pra que eu possa ostentar o que não sou!
- Roubo-te para ser adorado pelos meus!
- Tu me ensinaste a consumir, agora aguenta!
Tenho medo desses incêndios e assaltos.
Que nos alertam sobre o pior dos roubos.
Aquele que nos tira a beleza de simplesmente ser.
Tenho medo dessa época esquizóide,
Que submete todos ao jugo do próprio desejo.
Medíocre, sem objeto, sem sujeito.
Fogo morto do existir.

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