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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Panetones

Ontem fui ao mercado.
Fiquei irritado, emputecido.
Em pleno mês de setembro,
Prateleiras abarrotadas de Panetones.
Confesso que tive vontade de chutar.
Dar um bico na inversão absurda dos tempos.
A ansiedade mercadológica empilhada em caixas coloridas.
Infeliz é o homem que não sabe viver no tempo.
Antecipar e postegar é o princípio da solidão.
O capital tem seu próprio calendário.
A moeda tem nome próprio.
Liturgia mercantil da vida.
Celebra-se o bom velhinho no fim do ano (ou em setembro),
Porque no seu saco vermelho está o esperado décimo-terceiro,
As meias nas janelas são enchidas de prestações infindáveis.
O panetone é o reflexo do tempo em que vivemos.
Espiritualidade Ansiolítica.
Quero um tempo de cada vez.
A cada dia basta o seu cuidado.
Calendário bom é o do Sagrado Coração de Jesus,
Que minha vó pendurava na cozinha...
Uma folhinha de cada vez...
Esperávamos com alegria a folhinha com número em vermelho.
Era Feriado e dia Santo.
Dia de macarrão na mesa,
E roupa de missa.
Meu vô com costela de carneiro na boca lambuzada.
Sidra Cereser no isopor com gelo...
Uma procissão de tios vindos de todos os cantos...
E primos, primos, primos.
Tempo de Festa é o dia de hoje,
Santificado pelo cotidiano cru.
Das panelas queimadas,
E dos cartões de ponto estralando nas máquinas de Amém do trabalho.
Inverter o tempo pra servir o Capital é a morte do Ser.
Ao invés de panetones em setembro,
Prefiro o pãozinho francês da esquina...
Afinal, o Deus dos setembros e dezembros,
Se fez pão.
E não panetones.

Um comentário:

mariab disse...

Adoro panetones.Eles não tem mais o gostinho de Natal, mas quem liga pra eles quando temos o Pão da Vida.
"Eis que sou o pão da vida/ Eis que sou o pão do céu/ ... Faço-me vossa comida/ Eu sou mais que leite e mel".

Bjs, fique com Deus!Sua Benção!