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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Heterônimos

Meu blog tirou férias.
Já voltou.
Ele estava rebelde comigo,
Estava saturado de mim.
Pediu arrego.
Dei-lhe duas semanas, sem abono pecuniário.
No fundo, o blog é um heterônimo.
Ele não me é.
É bom inventar algo que não somos e sê-lo por alguns instantes.
Aliás, o que somos senão aquilo que fingimos ser?
Escrever é ausentar-se.
Pessoa também se ausentou em Caieiro, Reis e Campos.
Temos que tratar nossos heterônimos a pão-de-ló.
Dar comida, descanso, rezar por ele.
Eu preciso do meu blog,
Ele é minha relação mais profunda com meu eu que não é.
A heteronomia é a manifestação mais ínitma da vontade de si.
É o ser-aí destilado em outro.
Eu, quando era criança, brincava com meus bonequinhos de plástico.
Eu falava neles.
Cada soldadinho era um universo.
Cabia a mim ser o general, criar táticas,
E deixar sê-los.
O Ser é inventado.
Infeliz aquele que o persegue em teorias abstratas.
Eu cansei de persegui-lo.
Agora, eu O invento.
O meu Deus, eu mesmo inventei.
Por isso ele me excede.
E eu o adoro em letras tortas.

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