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domingo, 19 de fevereiro de 2012

Um carnaval

Ela usava máscara.
Ele, estava à procura de um amor.
Ela se escondia sob lantejoulas.
E andava trêmula sobre uma sandália de prata.
Ele tinha uma Sapucaí inteira pela frente.
E tocava o surdo como ninguém.
Ela, que não era cega, não tinha mais tempo.
Seu desfile era, há tempos, uma marcha saudosa.
Quase fúnebre.
Ele era o tempo de uma paradinha de bateria.
E no silêncio eterno das pancadas secas,
Destilava poesia com seu olhar aberto, aberto.
Ela, já tinha sido destaque.
Hoje preferia pisar o chão.
E no solo molhado e cheio de confete da avenida da vida,
Aprendeu que o samba é lição de humildade.
Ele transpirava.
Ela pirava.
Ele tum.
Ela não.
Ele era pura carne.
E era de um vermelho-guache-melado
Ah, era frágil também.
E chorava ouvindo Cartola.
Ela era só suspiro. E soprava pra dentro.
E do seu líquido escorrente de olhos borrados
De uma lágrima oceano se fez.
Pois pra mim foi assim que o eterno se apaixonou pela humanidade.
Meus pais se casaram em um sábado de Carnaval.
Sim, no encontro da lágrima e do suor uma carne sambou.
Hoje eles fizeram 35 anos de carnavais juntos.
Já são eternos e pronto.
Eu fui concebido numa terça-feira gorda.
Nasci fantasiado de útero.
O amor é o encontro de dois passistas.
É cuíca e tamborim.
Apressemo-nos em caber na fantasia,
Pois a Apoteose é certa!
Para mim, viver é um desfile colorido.
Regado a suor e lágrimas.
Cansado, pisado, dançado.
Existir é um samba-enredo!

Um comentário:

mariab disse...

Amor,Muito Amor! Muita confiança,humildade e muita perseverança e acreditar que viver a dois é um eterno começar a cada dia.Eu creio no eterno amor... Feliz “Bodas de Coral “ a seus pais. Parabéns pela sua família!