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segunda-feira, 16 de abril de 2012

Pra que tudo não vire um conceito

É bem assim:
Tudo começa sem razão.
Um olhar, um pisão no pé, um cheiro.
Depois passa-se à mesa.
A comida é uma forma de beijo.
E pratos sujos que não se lavam sós.
E bares sujos que não existem sós.
E risos,e risos, e risos...
Assim são as relações humanas.
Amizades, paixões, amores.
Não há lógica silogística no encontro fundante de dois seres.
Que, quando se lançam, não cabem na categoria "ser".
O ex-tenso não contém o in-tenso (me perdoe Hegel)
É na tensão dos braços roçantes que a vida flui.
Quando duas pessoas querem ficar perto uma da outra
Não importa o lugar, o assunto e a cor do cabelo.
Importa o "quem".
Só quem já celebrou junto uma noite com alguém
E viu o Sol nascendo deitado em uma grama
Sabe o quanto é bom ser leve.
E o quanto o afeto não pode ser mendigado em esquinas frias.
Gostar de alguém não pode ser uma definição semântica.
Quando a amizade vira uma dependência, necessita explicação.
Quando o namoro vira ciúme, exige um hábito-assassino.
Quando o casamento se resume a um papel assinado, ele se limita a contas divididas.
A verdade responsabilidade da vida está na capacidade de tornar o fardo leve.
Existir é um peso a ser carregado junto.
O suor da busca não tem nome.
Não transforme nunca suas relações em um conceito!
Não reduza o in-tenso a uma ex-tensão muda.
Explicar é um suicídio.

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