Visitas

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Corpo e Brasa

Ele já começa num roçar de corpos.
E trocas líquidas feitas de abismo...
E dor e prazer infinitos,
No qual o finito se transforma em milagre.
Ele é uma margem.
Uma ponte. Uma balsa. Uma travessia a nado livre.
Mas detesta ter e ser limite.
Um corpo vira alma quando se sabe.
Um corpo vira espírito quando transcende.
Um corpo vira fogo quando se apaixona.
O deus quis se fazer corpo em movimento.
Ao respirar pelas narinas repletas de veias minúsculas
Fez girar de inspiração a roda d'água e sangue.
E carne, sobretudo carne.
Um corpo ao lado de outro nós chamamos par.
Sobretudo quando existe falta.
Um corpo procurando outro nós chamamos desejo.
Sobretudo quando a falta dói.
Um corpo segurando outro no colo,
Daí já é amor, sobretudo se possui cabelos e pisca.
Um corpo sozinho é poesia.
O coletivo de corpo é gente.
O corpo pendente, de tão corpo que foi,
Só poderia ser deus mesmo.
Semana passada vi o sopro final de um corpo.
Ver alguém morrer é uma catequese.
É uma aula de teologia expirante-inspirante.
No fim, todos os corpos esfriam.
Viver é abrasar-se.





2 comentários:

A EXPERIENCIA DE DEUS disse...

Ola. Belo poema."O coletivo de corpo é gente", mas "um corpo sozinho é poesia". Belo mergulgo no infinito das letras que se compoem em ritimo acelerado provocando um desejo de conjunção. Ito é poesia. Vale a pena a reflexão. Abraço.

Suely Melo disse...

É mais que perfeito. É poesia e reflexão. É do jeito que eu adoro. "Viver é abrasar-se." Sim, a cada segundo.
Beijo grande, Thiago.