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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Epifania

Quando a palavra se fez carne,
Ela já foi logo fazendo rima.
O vento, que soprava faceiro pelos horizontes
Não se contentou com a grade da gaiola.
E assoviou na curva, impávido.
A poesia é a curva do vento.
E a carne, a métrica rimada do ser.
O deus que veio, primeiro habitou o silêncio.
O sorriso, o berro, o colo.
E corou os coroados de si.
A carne chorou sem dentes,
E a eternidade se vestiu de gente.
Hoje me perguntaram o que eu entendia por religião.
Eu disse que era aquilo que religava o humano àquilo que o ultrapassa.
Toda religião que não conduz o ser humano à saída de um estado de mediocridade,
É doença.
É vício.
É um suicídio.
O Verbo encarnou-se para mover o tempo.
E atrair o finito aos seus pés.
Atravessamos os desertos da história com os nossos presentes em mãos,
De todas as cores, de todos os mundos, de todos os credos,
Seguimos algo que brilha no céu.
E engatinha no chão.
Eu insisto embora o vento seja contrário.



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