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quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A inspiração do poeta

Inspirar. Respirar. Inspirar. Respirar.
O artista nos retira do sufoco de existir.
E a diferença da existência se chama vida!
Um poeta não escreve para agradar aos olhos.
Escreve para penetrar as narinas.
Sim, eu também tenho a mania de cheirar livros.
Descubro fragâncias ocultas em palavras empoeiradas.
Para quem tem alergia ao cheiro do Ser,
Uma palavra aspirada incomoda...
E é espirrada em forma de vírus.
Úmido. Letal.
Ser poeta é ser infectado por uma febre que não se expele nunca.
Mas que eleva a temperatura da alma,
E provoca calafrios incessantes.
Uma poesia é o suor gelado de um coração quente.
Que com mãos frias destila a liberdade em forma de palavras.
Os beijos mais intensos partem das pontas dos dedos.
A inspiração é uma piração.
É impossível vigiar o poeta.
A arte é tão invisível como o ar.
E viaja sem pagar passagem no movimento do vento.
A inspiração é também respiração.
O poeta sem escrever é cadáver.
Com algodão nas narinas
E flores nos pés.
Mas leva tempo para o artista perceber
Que a inspiração também é expiração.
E que a poesia mais bela é a que não se escreve.
Ela permanece alojada com o gás carbônico-vital do peito
E viaja de carona no sangue venoso da vida.
O expirar do poeta
É o respirar do universo.
Calar não dói.


2 comentários:

Suely Melo disse...

Que LINDO! Que inspiração! adorei, Thiago. Bjs

catia disse...

lINDO, LEVE E APAIXONANTE.