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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Travessias

Não sei nadar.
Talvez por isso insista tanto em permanecer na margem,
Quietinho, fazendo dos olhos o maior mergulho possível.
E da poesia minha maior travessia.
É tão estreita essa travessia...
Tão simples e profunda ao mesmo tempo...
A distância entre uma margem e outra se mede em quilos sobre as costas.
Quando os pés não tocam o chão
Mas insistem em bater...
É porque a travessia se tornou berço.
Nasce tanta gente no meio do caminho!
A margem é a certeza de pisadas sólidas...
Secas, férteis.
A travessia é líquida.
E absurdamente turva.
Quem nasceu pra ser travessia não merece os pés dos que atravessam...
Por mais curtos que sejam seus dedos.
As margens são extensas.
A travessia, intensa.
A margem não é marginal,
É legal. Moral. Justa. E possui conta corrente.
A travessia é irresponsável, invasiva e contra a corrente.
E não possui outro fim senão o abismo.
Quando criança, eu só escrevia para além das margens do caderno.
As linhas laterais eram minha primeira censura.
Para quem chega a outra margem,
A travessia permanecerá sempre em alguma forma líquida...
O mar não contém margens,
Por isso, não se alcança com os olhos...
A travessia é pura travessura atravessada.
Onde o amor, ou nada, ou Nada.

2 comentários:

mariab disse...

"Os homens cultivam cinco mil rosas num jardim... e não encontram o que procuram...mas os olhos são cegos, é preciso ver com o coração.
Se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol..."
Te quero muito bem,você me cativou no coração, é eterno...Fique em Paz!

Suely Melo disse...

Nossa! Que construção poética mais LINDA. Emocionante! Amei, Thiago. Bjs