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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vão

Há um mistério a ser desvendado:
Como "Vão" passou de substantivo a adjetivo,
Sem deixar de ser verbo!
Quando pequeno, na cama, eu dormia de bruços
Porque tinha medo de ver o vão da porta.
Ele irradiava uma luz estranha...
E quando todo mundo dormia,
Eu temia ver passos sombrios pela fresta.
O vão era a suspeita de algo além do natural em minha vida.
Eu ainda não tinha crescido,
E acreditava que existia algo além do sono durante as noites.
Naquela época, o vão habitava entre as paredes,
Era o lugar onde os insetos se escondiam,
E sobretudo, onde a poeira fugia da vassoura de minha mãe.
O vão era só vazio mesmo.
Encurralado por uma porção de coisas.
O mistério era só mistério naquele tempo.
Depois o vão se tornou adjetivo.
Inventaram a vaidade e o mal se fez.
Eu aprendi a dormir de lado,
Com as portas e janelas abertas.
Sem medo de abrir os olhos durante a noite.
Entretanto, continuei sem enxergar nada.
Vãs são as tentativas de quem tenta fugir do mistério...
Vãs são as teorias que buscam explicar a busca...
Vãs as filosofias feito fugas da claridade...
Vão é o tempo feito ponteiro
Que a contragosto, gira sempre na mesma direção
E passa sempre no mesmo lugar.
Paixão é a insanidade que faz vã a razão.
Gasta-se a  vida toda pra se descobrir que "vão" é o infinito que ainda não foi.
"Vão" exige terceira pessoa.
Eternos são os que vão.


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