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segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O Rosto

Eu acredito na verdade fugitiva.
Ela escapou das linhas sobre o papel.
E preferiu as da face.
Um rosto é um livro que pisca.
Nele, a resposta não é indagada,
Mas acariciada.
Desistir de insistir não é desistir de alguém.
Mas preferir a saudade impressa em senões.
E o frio de mãos trêmulas-teimosas.
Não há teorias que subsistam a um rosto cheio de olhos.
Qualquer doutrina cheia de letras e interjeições
Que não se ocupa de uma face com interrogações,
É apenas vaidade em forma de palavras surdas.
Contemplar um rosto emudecido diante de si,
É a maior declaração de amor possível.
A resistência é calada.
Eu respiro no meio do rosto.
E transpiro entre as pálpebras.
Quando eu morrer, não quero deixar teorias escritas.
Quero construir uma biblioteca de olhares,
Onde cada face é uma ciência. Completa.
Amor é aquilo que acontece do pescoço pra cima.


Um comentário:

mariab disse...

"Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera."

Seu texto é muito inteligente e verdadeiro, Parabéns! Tava com saudades, fique com Deus, bj!