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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Entalados e Enlatados

Dalí, Salvador.
Uma gata ficou gorda.
Uma papagaia sem asas dando aulas de política.
Um cachorro peludo, mas pelado, quieto.
Meu sonho, essa noite, foi uma pintura surrealista.
Empoleirados, todos não haviam conseguido ir embora.
Pois o transporte público os retivera.
O Brasil é o lugar onde o público é púlpito e púbico ao mesmo tempo.
Onde o Governo e o Estado são siameses,
O resultado é um incesto social.
Os gatos engordam onde os ratos são presas fáceis.
Não acredito na democracia representativa brasileira.
Declaro a total inutilidade do sistema político-eleitoral de nosso país,
Que permite milhões em tetas-subsídios para eventos alienantes
E mata à míngua uma multidão confiante e que ainda voa.
Uma pessoa entalada-enlatada na estação de trem,
Sente em si o peso absurdo da imbecilidade de seus representantes.
Uma pessoa largada no corredor de hospital,
Padece da enfermidade generalizada de uma nação muda.
Não é apenas um reservatório que está secando.
É a esperança.
Cruzar os braços é uma necessidade
Para que a boca-bico se abra
E asas cresçam.

Um comentário:

mariab disse...

"Se tu vens às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz."(O pequeno príncipe).
Cadê seus textos? Gosto muito das suas palavras, transmitem seus sentimentos, o que lhes vai n'alma.
Saudades.bjs