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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Cru

O amor instaura a maior solidão possível.
Na distância muda entre o ser e o partir,
A crueldade fria do estranhamento.
De perto e desperto, todo amor é imoral,
Ilógico, não possui concordância nenhuma.
Não há premissas ou conclusões possíveis.
Todo beijo é uma mordida na palavra antes de ser cozida.
E, por isso, todo beijo é cru.
No amor, as palavras são completamente desnecessárias.
E absurdamente invasoras.
A planta devorada pela lagarta se transformou em cor.
Em cada borboleta, a digestão lenta e letal do Ser.
Permitir-se devorar pelo futuro.
Não temer perder as folhas.
Acreditar nas chuvas tardias.
Expectorar as expectativas.
Pisar a terra úmida do presente,
Para encharcar o passado de razões.
E desacreditar de qualquer futuro que não seja feito de hojes.
A paixão viral e verdadeira transpira pelos poros dos acasos.
Mas é no amor, que a finitude mais cruel se declama.
Não, um amor nunca termina quando acaba.
O deus quis morrer cru.

Um comentário:

mariab disse...

Desejo que seu Natal seja brilhante de alegria,iluminado de amor,cheio de harmonia e completo de paz...
Feliz natal!! Beijos