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segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Umbigo

Minha metafísica se dá na umbicalidade do mundo. 
Onde o Ser se amarra ao Grito, ao Choro, 
Ao Partir-Parir de toda existência. 
Viver é destorcer-se.
Primeiro a gente não nasce.
Primeiro a gente se enrola.
E vai deslombrigando aos poucos.
O umbigo insiste em ser o nó encurralado da vida.
O extremo visceral desabilitado.
Penso um mundo de pessoas sem umbigos.
Sem memórias das amarras passadas.
Penso um mundo feito de laços ao invés de nós.
Laços lembram fitas e presentes.
Nós só se desenrolam mesmo é na unha.
O enrolamento "nós"-tálgico das decisões é pecado mortal, sem remissão.
O Ser prefere permanecer teoria porque teme o fu(tu)ro enfiado em seu ventre.
O ventríloquo não fala pela própria boca,
Ele é mudo e tagarela porque sabe encenar.
E, por isso, esqueceu de ter umbigos, 
Como também esqueceu de amar.
Há dias em que qualquer palavra é um palavrão
E qualquer vírgula uma ofensa em caixa-alta.
Os dois pontos são o respiro da ideia.
Meu avô me ensinou a morrer com o umbigo pra fora.
E que também as hérnias educam.
Entre um bingo e um umbigo está a distância de uma história. 



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