Visitas

sábado, 18 de abril de 2015

Máquina de Costura

Não se aprende poesia sem alfinetes.
Pois costurar é o primeiro passo pra ser aprender a escrever.
As ideias são tecidos crus. Inteiros.
Esticados sobre o corpo rígido do poeta-alfaiate.
Rasgar o real.
Cortar a lógica.
Desfiar o racional.
Tecer os vestidos da imaginação...
Poesia é traje de gala costurado à mão trêmula.
É roupa de missa. Justa. Impecável.
Fazer versos é forrar os botões do que não existe.
Marcar as barras do pés do invisível.
Engomar a vida de cheiro e sentido.
As ideias nuas são obscenas e interditas.
Escrevo para cobrir as vergonhas do Ser.

Afinal, é no ateliê da Palavra que aprendi fazer dos trapos da vida um desfile.

2 comentários:

Suely Melo disse...

"Escrevo para esconder as vergonhas do Ser." Perfeito, Thiago!
Bjs

mariab disse...

Muito lindo, me fartei com suas palavras! Bjs