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terça-feira, 18 de agosto de 2015

Ferida

No princípio era a ferida.
Ela quis sangrar até parar de doer...
E parou de doer foi por tédio mesmo.
A indiferença mata mais que o ódio,
Porque é muda e dá medo.
E a ferida se fez Verbo para habitar entre os nós.
Possuo a incrível arte de dar nó na vida.
E de enrolá-la como uma rosca ao forno...
Primeiro eu a bato bem,
A fermento,
E espero crescer sob o calor que transpira tempo.
Parto em busca da temperatura ideal de uma relação.
Onde o limite tênue entre o cru e o queimado é fatal.
A ferida é fonte donde se bebe o desejo.
Menina, não tenha medo!
Se minha mão não te alcança,
É nos sonhos que ela te toca.
A ferida vazou os conceitos.
E preferiu ser verbo sem sujeito,
Pois faz protesto a tudo o que pernoita...
É na diferença sutil entre hospedar e habitar,
Que, aos poucos, descubro como manter a ferida aberta.
Permanência é o sobrenome do Amor.

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