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quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Leve

Pesado é o coração que se engordou de medo.
Ele já não pulsa, rasteja.
E tateia pelas paredes do ressentimento,
Travestido de hipocrisia com penduricalhos de inveja.
O deus quis ser Leve pra ser levado a todo canto,
Como vento de agosto,
Que empurra a sujeira do ar pra bem longe,
E redime o nariz da gente daquilo que o Nada faz virar dejeto.
A leveza dos seus dedos eu não esqueço.
Pois, gordos, eles não pesam, mas tocam minha vida como flauta,
E dedilham melodias na forma de protesto e saudade.
Peço ao deus que emagreça meu coração,
Que me conduza pelos sabores das coisas bestas,
Pelos sentidos que fogem dos conceitos,
Pelos passeios imbecis das manhãs de domingo,
Feitos de bambus-criança que falam
E paçocas divididas.
Creio na religião dos leves,
Que de tão levados são deslavados!
E já não temem ser peso, ao serem elevados à cruz dos juízos,
Pois sabem que lá no alto,
É o lugar onde o vento beija a miséria humana com a maior intensidade.
Leve-me.
E-leve-me.


Um comentário:

Unknown disse...

Ainda bem que voltou a escrever! Estava carente da leveza que suas palavras transmitem, por meio delas,"o deus (o poeta) emagrece meu coração".