Visitas

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Carna (va) lidade

Li de um amigo:
"O Outro tatua a nossa carne".
Gosto da poesia do teu corpo,
Porque ela é prece, é súplica,
É sino e sina ao mesmo tempo.
A diferença entre a sina e o sinal é o silêncio.
O percurso da carne é mudo.
Pois o corpo, que nunca está nu,
Sussurra pra não acordar as crianças à noite.
O hiatos de sua boca me fascinam,
Porque são vírgulas no seu sorriso.
O tempo do respiro que não encontramos na semana que nos come.
A carnalidade que não permite objeto,
A carnalidade que não suporta conceito,
A carnalidade que de tão úmida, chove.
A carne não tem data de validade.
Ela é imperecível.
E não precisa ser congelada.
O deus, que de tão úmido, se fez carne-sem-aval,
Fez da carna-va-lidade o território do sentido.
E da vida, desfile de terça-feira gorda.
A nudez das ideias não precisa ser vestida.
Deixe-a no máximo com roupas íntimas,
Ou vestida com sua camiseta de dormir,
Para que na mais fria das noites.
Reste a certeza de que é escapando
Que a vida e o amor se misturam, loucos,
Nas histórias sem fim contadas de noite,
Quando a carne e o deus, exaustos, já não precisam de fim.
Simplesmente dormem.


Nenhum comentário: