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quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Pra te proteger da chuva

O poeta não parte.
Ele reparte.
Chega o tempo em que as ideias viram gente.
E a Palavra cobra com juros o peso do ido.
O Si resolveu se transformar em nota musical apenas.
E cantar numa gaiola nova,
Porque afinal tudo é gaiola nessa vida.
Inclusive a vida, onde se canta pra se esquecer as grades.
Poesia é o canto de quem insiste em aprender a voar depois de velho.
E sempre acredita que recomeço é o sobrenome do Amor.
O deus nunca foi tão vivo e tão real.
Pois ele quis ser assim,
Êxodo e deserto ao mesmo tempo.
E fazer de cada rosto uma terra prometida.
O maior motivo é não ter motivo.
E decidir pelas novidades da curva aí da frente,
Que, perigosa, insiste em atrair e gerar medo ao mesmo tempo.
Amor a gente aprende é pelas curvas,
Pois em mim, a fé quis caminhar ao lado do abismo.
É tão difícil aceitar que não somos mais os mesmos,
Porque ser poeta é ser Outro o tempo todo.
Eu só sei escrever em Heterônimos.
As luzes da cabana não mentem:
Piscando, elas transformaram meu peito minúsculo
Na mais confortável hospedaria
Onde o Amor não dorme nunca,
Escrevo enquanto espero pra te proteger da chuva.

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