Visitas

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A casa do poeta

Hoje visitei a casa de Neruda.
E descobri que o poeta não mora.
Na-mora.
E foi ali, afogado pelo Pacífico de seus hiatos,
Que decidi me chamar de poeta também.
Eu mudo de casas constantemente
Porque eu escolhi na-morar tudo o que se move no universo.
Decidi construir uma habitação nos seus dentes
Que há um mês doíam e agora riem.
O seu sorriso é diferente porque sua Monalisa não cabe em moldura.
Dança funk nos muros das esquinas,
E tem o espaço que me cabe dentro.
Sou poeta por doença mesmo,
Por ser incurável na arte de ser besta,
E transformar ideias peladas em palavras de gala.
Ou em galinhas de hortelã.
Escrevo pra servir a mesa aos meus amigos,
E pra insistir em ser esquecido
Mas sobretudo pra não deixar nenhuma teoria ao mundo.
Hoje, aos pés de Neruda,
Não confesso outra coisa a não ser que também vivi.
E decidi habitar cabanas de tecido ao invés de verdades de concreto.
É noite.
E as luzes ainda piscam por aqui.



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