Escreva sempre à sangue quente.
Primeiro seduza as ideias.
Fuja delas.
Despeje palavras no papel.
Não as releia.
Esnobe-as.
E com soberba, talhe-as.
Com raiva.
Com tesão e pavor.
Depois aspire-as.
Cheire-as como se tivesse cheirando seu amor,
do cabelo aos pés.
Excite as palavras.
Ofereça-lhes vinho.
E mostre suas letras, uma a uma,
pois, na poesia, tal como na paixão,
os detalhes é que contam.
Faça com que elas arrepiem antes de ter significado.
E só depois, quando, exaustas,
as palavras de sua poesia tiverem se desnudado por inteiro,
tatue-as na parede de seu corpo-alma.
De lá, elas não sairão jamais.
E se exibirão, por vingança, como inalcançáveis.
Escrever é perdoar-se.
Nenhum comentário:
Postar um comentário