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domingo, 15 de janeiro de 2012

Onde mora a intimidade?

Vivemos à procura de uma morada.
Um lugar pra repousar a cabeça.
Quando o Senhor passou,
Convidou os discípulos para ver onde ele morava.
Eles queriam intimidade.
Queria adentrar a casa,
Sentar-se à mesa
E abrir a porta da geladeira sem pedir licença.
Só se segue aquilo que se ama.
Só se ama o que se conhece.
Só se conhece aquilo com o qual se convive.
Só se convive quando a distração cede à intimidade.
Ser íntimo de alguém é penetrar um quarto secreto.
Vasculhar gavetas,
Lembrar do perfume, ainda que distante.
É ouvir canções e sorrir sozinho inebriado pela memória.
As fotografias não são íntimas.
Mas os fragmentos de segundos entre o o dedo do fotógrafo e o flash
São eternos quando as mãos se beijam nos ombros do amigo.
Mundo carente de intimidade o nosso
Onde as pessoas não se tocam,
Se esbarram.
A intimidade mora na quietude do olhar.
Na delicadeza do caminhar solitário
Que vagueia em lembranças miúdas.
Íntimo é aquele que abriu as portas
E dividiu a morada com o outro.
Só os íntimos se salvam.
A intimidade inventou a eternidade.

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