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quinta-feira, 26 de abril de 2012
Carbono
Não entendo absolutamente nada de química.
Não sou bom com cálculos.
E para mim, a química é a ciência do cálculo.
Somando os elementos temos tal coisa,
Tirando a coisa do elemento, resta outra coisa-elemento e por aí vai.
Eu faltava nas aulas.
Desculpa esfarrapada de quem escolheu as letras.
Porém, há algo que me fascina na química,
Na verdade, é um elemento.
O Carbono!
Pai de todas as coisas.
Dele, todo o vivo emana
E para ele retorna.
O carbono é o fim de todas as coisas.
Em cada parte da matéria vivente,
Lá ele ecoa, impávido, único.
Saber-se um elemento constituinte do Tudo deve ser muito triste para o Carbono.
Penetrar todos os seres,
E considerar-se um útero absoluto deve ser cruel.
Tragédia infeliz estar em tudo e não ter identidade em nada.
O carbono em nós nos espera.
E, devagarinho, ele vai nos consumindo,
E nos levando aos pedaços dele mesmo presentes no Outro.
Sim, o beijo é o encontro úmido de dois carbonos.
Pior: mesmo e indissolúvel!
A unidade do Ser me assusta.
Tenho medo de não estar me transformando.
E reduzir meu punhado carbônico a uma desintegração coletiva.
O carbono é feliz porque se realiza desintegrando-se.
Eu vejo o carbono quando tudo pega fogo.
Da fumaça (preconceituosamente chamada de tóxica) que sobe
Ao pó preto miúdo que já nasce apagado.
A vida é o que se estende entre a fumaça e o pó.
Onde apenas em brasas o Todo reside.
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2 comentários:
Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens. (Fernando Pessoa)
Bjão pra você, ótimo fds e feriado, com Jesus e Maria! Saudades.
Tem uma química que não tem relação nenhuma com cálculo...
Nesta química quanto mais se conhece, menos se calcula.
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