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domingo, 20 de maio de 2012

O zumbido das abelhas

A verdade é o que perambula no zumbido da fofoca.
Como abelhas que fazem mel,
As pessoas zumbidoras agem por cooperação.
De manhã, bem cedo, antes que o Sol se revele,
Elas saem radiantes da colmeia
Com seus baldes sedentos do pólen da vida alheia.
Sim, as abelhas não possuem perfume próprio.
Elas mesmas não exalam outro cheiro senão a imbecilidade.
As flor do outro é seu alimento.
A fofoca colhida é doce.
O zumbido transeunte de seu voo é um diálogo de retorno ao lar.
Ai de vós se com a palma da mão acertares uma abelha!
Ela te picará até a sétima geração.
A abelha-fofoqueira assimila o conteúdo de seu voo na ponta do rabo.
O ferrão tem um quê de verdade mórbida.
Quando elas se encontram, o zumbido é uma sinfonia.
O perfume colhido se torna música e elas bailam satisfeitas por possuirem um tesouro.
Na colmeia, cumpridoras do dever,
Elas trocam aquilo que as flores lhes permitiram roubar
E edificam um castelo de cera!
Voilá! Temos uma verdade!
O melado das fofocas alheias é o que de mais real existe.
O perfume se perdeu.
As flores feneceram.
Restou zumbido e melado.
Sinto lhes informar,
Mas a fofoca é a cristalizadora da verdade.
Na boca triste das abelhas gordas e feias,
O perfume oculto do ser
Se torna doce e viscoso.
O zumbido é uma linguagem universal.
Aquilo que de fato exalamos pouco importa.
Vale o que é sugado, carregado, cuspido, cagado e encerado pelas abelhas zangadas.
A rainha-abelha é a mais triste.
Encarcerada no fundo da colmeia,
Vive das fofocas empedernidas de abelhas sem perfume.
A rainha também se alimenta de abelha.
Ela as devora!
Os melhores venenos são aqueles servidos doces, como sobremesas!
A operária é apenas a ponta de um iceberg sólido.
Todavia, quando após um dia longo de voos rasos e zumbido alto,
As tristes colhedoras-do-perfume-alheio estiverem com seus baldes vazios no fundo escuro da colmeia,
Elas se lembrarão do aroma inebriante das flores fenecentes.
E sentirão o peso do nada em seus úteros estéreis!
Elas se reconhecerão miseráveis, infelizes e absurdamente ridículas.
Reconhecer-se-ão miudas, sem nome, mas com um ferrão terrível,
Do qual todo o jardim se esquiva, deixando-as numa solidão única.
Aí então, quando as luzes da colmeia se apagarem
E o som do vento lá fora balançando as margaridas for ensurdecedor no interior de cada inseto-produtor-de-melado-verdade,
Cada operária descobrirá que suas asas além de zumbido,
São para fazê-la voar...
E tudo se transformará em Primavera!

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