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terça-feira, 19 de junho de 2012

Fósseis

Eles são gigantescos.
E assustam pela extensão da cauda.
Os fósseis não têm mais carne.
Ela já foi devorada pelo tempo impiedoso.
Restou uma infinitude de ossos e memória
Calcificados em uma constelação suspensa por cabos e arames.
Arquitetura inútil de uma vida feita de resquícios.
Os fósseis já possuiram um vento enorme dentro de si.
Quem se deparava com um dinossauro saia correndo.
Ele tinha uma pisada forte.
Um rugido tenebroso
E impunha respeito numa terra onde apenas ele era soberano.
Eles ainda não tinham a capacidade de prever asteróides.
Tudo na vida pode se transformar num fóssil.
Ideais, amizades, namoros, casamentos e instituições.
Quando o tempo passado quer ser mais forte do que a pegada do presente,
A vida se dissolve em um oco sem tamanho e sem sopro.
E a carne, antes falante, pisante e respirante,
Agora se dilui em ossos frágeis e silentes.
Fossilizado é tudo aquilo que se esvaiu nas próprias certezas.
Ser museu é o destino dos inabaláveis!
O que criamos com tempo, o tempo respeita,
Mas exige algo novo, sempre!
Se o impacto do asteróide-fim é inevitável,
Que aprendamos a fazer da vida
Algo muito mais belo do que ossos carcomidos expostos.
O destino último do fóssil é virar petróleo
E depois fumaça, pálida e intoxicante.
Talvez assim, quem sabe, daqui a milhões de anos,
Quando o tempo encobrir com um manto o universo dos homens absolutos,
Tenhamos a humildade de reconhecer que de absoluto mesmo só existe o vir-a-ser,
E nos rendamos suplicantes diante da absurda transitoriedade da vida!
O amor se fez carne.


Um comentário:

mariab disse...

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.(Clarice Lispector)
Estou sempre orando por você, Paz e Bem, beijão, fique com Deus!