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sexta-feira, 29 de junho de 2012

O cheiro da Solidão

Experimento a solidão em forma de fresta.
Hoje, sou estrangeiro de mim,
Ainda que minha pátria seja um "eu"
Perdido entre uma multidão de contradições
Sem nexo, vontade ou esperança.
Eu sou seu refém, e juro à sua bandeira.
O de-sencontro é o fundamento do Ser.
A diferença humana me fascina.
E nas cores múltiplas que constroem o mundo,
Desconstruo minhas verdades e as lanço pela janela.
Eu sou feito de gente.
Sou uma forma de fronteira, de alfândega.
Onde um universo todo passa e não permanece.
Para mim, existir é uma tentativa maluca de escapar-se!
E fugir para um "não-eu" feito de letras sobrepostas.
Sim, isso pra mim é ser livre!
"Oiseau, tu crois que c'est libre? Tu te trompes!
C'est la fleur!"
Em mim, o divino quis se fazer perambulante.
Mas percebo-me ainda plantado, não colhido,
E atarracado numa terra onde um "eu" fértil se apresenta!
O deus às vezes passa perto!
De noite,
Estende a mão,
Cobre o rosto.
Me deseja e eu o sinto
Nos perfumes exalados pela vida.
Deus em mim se faz desejo.
E quando ele se ausenta,
Eu me sinto triste e emudecido.
Viver às vezes é uma toada lenta...
Solidão não dói.
Cheira.

2 comentários:

mariab disse...

" Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
Tô com saudades, Beijos!

Suely Melo disse...

Este texto é um dos mais belos que já li aqui. P/ mim um texto é belo e tem sentido, quando faz vibrar algo dentro da gente. Vou confessar que já o li várias vezes, mas não encontrei palavras p/ descrever a sensação. Então, entendi que há coisas que não cabem palavras. Sentir já é o bastante. Eu sinto. Amoo visitar o seu cantinho poético. Um beijo!