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quarta-feira, 20 de março de 2013

Vermelho-Cru

De tudo, O mais fascinante é que a carne se fez verbo.
O quente, o úmido, o repleto de nervos quis falar.
Uma veia percorrida de sangue
É visível quando esguicha.
Afinal, o que é a fala senão um engarrafamento sanguíneo no cérebro.
Para mim, o fato do deus ter se feito carne
Só tem sentido para que a carne seja músculo.
Alguém pode me explicar onde é o começo do corpo?
Já o procurei em tanta coisa...
E ele sempre se disfarça de teoria.
Um mover de lábios,
Uma flexão de joelhos,
Um engolir constante,
E piscadelas... ciliadas piscadelas...
Todo movimento é sacro-amento,
Por tornar santo o alimento de momentos.
Amem-to.
E faz de todo ponto um sinal.
Não é o sopro que faz começar.
É o expirar exasperado cheio de esperança.
O ar que sai é sempre mais quente.
Já o que entra é frio.
Amar é transformar o outro-gelado que entra
Em febre, em delírio.
É no suor frio da ausência
Que se mede a temperatura da carne.
Não sirva o amor antes de lhe queimar a língua.
Todo corpo é um forno.
Se existirem paredes internas da alma,
Que sejam pintadas de vermelho-cru.




3 comentários:

Suely Melo disse...

Lindo e tocante! Como sempre, Thiago. Bjos.

mariab disse...

Jesus Cristo Ressuscitou, por isso celebramos, acho que ainda dá tempo, Feliz Páscoa meu amigo! Estou sempre em oração por você , bjs,Paz e Bem!


mariab disse...

" Sois belas, mas vazias. Minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é porém mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus a redoma. Foi a ela que abriguei com o para-vento. Foi dela que eu matei as larvas. Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa." (Antoine de Saint-Exupéry)
saudades !!