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sexta-feira, 12 de abril de 2013

Quando

Quando tudo não começar com um beijo,
Quando a pele ao invés de ponte se tornar limite,
Quando os olhos se esconderem sob as pálpebras para fugir de você,
Quando a respiração for pausada e a pulsação lenta,
Quando dormir for uma resposta ao cansaço inútil da vida que se ganha,
Quando a insônia não mais existir,
Quando o abraço for apenas um aperto de mão,
Quando eu não mais sentir sua falta,
Quando o ponto final for mais forte que a vírgula,
Quando os poréns persistirem aos apesares,
Quando se levantar for apenas uma necessidade,
Quando os nomes próprios forem os pronomes,
Quando os diminutivos sumirem
Quando eu estiver enfim atento a tudo o que faço.
Saberei que a paixão acabou.
Que preciso de palavras, multidões de palavras inúteis.
Pra disfarçar de vaidade a vida que já não existe mais.

Um comentário:

Suely Melo disse...

Texto lindo, forte e nostálgico. O bom da vida é que ela é movimento, ela gira sem nunca parar. Então, tudo vem e vai sempre. E quando algo deixa de existir dentro da gente, uma fresta se abre para que o novo possa nascer. E quando menos se espera começa tudo outra vez. Novos olhos, novos nomes, novas sensações.
Adorei!
Beijo.