Visitas

sexta-feira, 26 de julho de 2013

As três Marias

Elas despontam no leste.
E são as primeiras estrelas que aprendi a reconhecer no firmamento.
As únicas que, se apontadas com o indicador,
Não fazem nascer verrugas,
De tão santas que são!
As três Marias decoram o cinturão do Órion,
E cingem o caçador que se ergue para o combate.
Eu, que escolho sempre as estrelas mais altas para me apaixonar,
Vejo nelas um norte antes mesmo de serem leste.
Trinitariamente deduzem o Criador feito brilho
Que não quis permanecer no céu longínquo,
Mas percorrer à velocidade da luz
O chão escuro e pontilhado de humanos apagados.
Uma estrela precisa ser amada antes de alcançada.
Inatingível, ela se pisca nas nebulosas de si,
Misteriosas, envolventes, e repletas de penumbra.
O vaga-lume não é astro porque se deixa alcançar
E se torna refém dos frascos transparentes que o rodeiam.
As três Marias, impávidas, não apagam nunca.
Como o amor, elas preferem orbitar ao redor dos segredos,
E das idas e vindas chamadas de Noite e Dia.
Eu, que me astronauto em ideias feitas foguetes,
Toco o céu com meus sonhos galácticos.
Para quem se depara com o inatingível e desiste,
Três pontos brilhantes na escuridão são apenas uma constelação
E nada mais.
Mas para quem insiste, sem temer os buracos negros vindouros,
As Três Marias serão sempre sinais
Do amor feito reticências
...



Nenhum comentário: