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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Gramática da Existência

Onde tudo parecer conduzir a um ponto, 
Ver vírgulas. 
Encher de apostos as frases 
Que fizeram de pronomes pessoais meros artigos definidos solitários. 
Traduzir em adjetivo o que o tempo substantivou sem piedade. 
Exclamar, sem pontuar, após cada interrogação, 
Que o Ser preferiu ser uma sequência de hífens. 
E por fim, colocar os "dois pontos" deitados 
E acrescentar mais um, 
Para que o infinito trinitário nos ensine que tudo acaba em reticências 
... 

Um comentário:

mariab disse...

Nada de ponto final, é muito limitante, prefiro o abrangente que me leva livre pra sonhar e navegar...
Muito bonito seus posts ,li um texto de prova que me remeteu a você, o mundo é o material de trabalho do poeta...
“As harpas da manhã vibram suaves e róseas,
O poeta abre seu arquivo – o mundo –
E vai retirando dele alegria e sofrimento
Para que todas as coisas passando pelo seu coração
Sejam reajustadas na unidade.
É preciso reunir o dia e a noite.
Sentar-se à mesa da terra com o homem divino e o criminoso.
É preciso desdobrar a poesia em planos múltiplos
E casar a branca flauta da ternura aos vermelhos clarins do sangue.
Esperemos na angústia e no tremor o fim dos tempos,
Quando os homens se fundirem numa única família,
Quando se separar de novo a luz das trevas
E o Cristo Jesus vier sobre a nuvem,
Arrastando por um cordel a antiga Serpente vencida”. (Murilo Mendes)