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terça-feira, 2 de julho de 2013

Neologismo

As palavras não suportam as ideias.
E por isso se neologizam.
Um conceito, por mais complexo e definido que seja,
Não consegue exprimir a relação de espaço e tempo que uma ideia alcança.
Há tantos tempos quanto espaços possíveis.
Ou a existência é neologismo
Ou ela se contenta em ser dicionárica.
O amor começa com uma ideia.
Vai se escrevendo de mansinho,
E entre vírgulas e travessões,
Exclama-se em palavras nunca ditas.
E sempre novas. Faceiras.
As palavras mais levadas são as mais elevadas.
Quando o amor se tornou e-ditado,
É porque o que foi ouvido se tornou repetido.
E o olhar já vagueia entre espaços e reticências.
Amar neologicamente é amar sem entender tudo.
Para que a busca seja sempre viva e repleta de surpresas.
É recusar-se a fazer do outro um conceito.
Afinal, todo conceito já deu o que tinha de dar.
Amar neologicamente é alquimia.
Repleta de riscos de explosões com consequências atômicas.
É a opção pelo híbrido em forma de abraço.
E todo abraço já começou híbrido!
O neologismo aposta naquilo que não está no Aurélio.
E, sendo todo torto, serpenteia os verbos em forma de "e ses..."
Para que o amor não se torne um inventário,
É preciso ser inventado mesmicamente, 
Repetideiramente,
Repetidrásticamente,
No eterno ir-além que o Verbo-feito-andança exige.

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