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quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Dia, a Noite e o Desejo

Tudo começou assim:
Era uma vez o Desejo.
Ele habitava o interior da Noite,
Que, calada e adormecida,
Vivia ao acaso das naves espaciais vagando em suas galáxias pálidas.
Entre cometas e estrelas mortas distantes,
A Noite não sabia ser outra coisa senão escura.
Tão escura, mas tão escura, que nem se enxergava mais.
Mas bastou uma fogueira acesa.
E uma fumaça bêbada cintilante,
Para que um tal de Dia despertasse o Desejo que jazia embaixo das cobertas.
E a Noite, naquela noite, explodiu qual noite anoitecida de São João!
O Dia tinha cor de cobre.
E era como uma panela mineira reluzente,
Dependurada entre réstias e colheres de pau.
De repente, ambos se encostaram sobre o balcão,
E entre a Tarde que separava os dois,
Cada um pôde ver um brilho aceso na penumbra do outro.
O Dia tinha lá suas nuvens.
Mas a Noite, repleta de estrelas distantes e solitárias,
Só sabia piscar em um sem número de constelações giratórias.
Então o deus disse: Faça-se a luz! E luz foi feita.
E uma descarga elétrica de milhões de watts foi sentida em todo universo.
Foi exatamente aí, que atordoado pelo choque entre os dois,
O Impossível fez ecoar em toda imensidão caótica do universo
Seus trovões avassaladores em forma de Tempestade.
Choveu durante 40 dias e 40 noites.
O suficiente para até peixe morrer afogado,
E para que as lágrimas da Noite banhassem de Adeus um mundo feito de Arcas tristes.
O fim, esse ainda não se conhece.
Não foi escrito.
Mas ouvi pelas esquinas que a Noite foi vista nadando em direção contrária,
Como que fugindo da Alvorada que sempre vence no fim da Madrugada.
Entretanto, a Oração depositada sobre a cômoda do Dia,
Não permite com que a Noite desabe em Trevas.
E a faz acreditar que o Impossível,
Tal como uma Chuva de verão que lava toda superfície-superficial da história...
É apenas só mais um momento desse Universo fascinante...
Trágico, mas perdidamente fascinante!
O Desejo perdeu definitivamente o sono.

Um comentário:

Suely Melo disse...

"Agora era fatal, que o faz de conta terminasse assim, pra lá deste quintal era uma noite que não tem mais fim...", diria o Dia à Noite. Lindo, super lindo realmente. O que mais posso dizer diante de um texto como este? Bjos