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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Os fios brancos da barba

São dezesseis.
Serelepes, se escondem entre os pretos para que eu não os arranque.
E como um lençol freático silencioso,
Vão alimentando de tempo minha face.
Lembro como se fosse ontem quando fiz a minha primeira barba.
Eram cinco de um lado, cinco do outro,
Os finos fios que mais pareciam um jogo de futebol de salão.
Olhar-se no espelho a cada manhã é uma declaração da finitude.
Acabarás! Inevitavelmente.
Da adolescência à maturidade não existe tempo.
Existem todavia, uma multidão de pessoas,
Maior do que a quantidade de fios da barba.
E existem paixões, as mais diversas possíveis.
A vida não fica velha, ela apenas é móvel e muda.
O que sai de dentro da gente em forma de fio e pêlo vai se alvejando aos poucos.
O branco que desponta é o caldo do amor.
Na barba, ele espeta.
E por espetar, parece-se mais ainda com amor.
Se eu suportasse deixar a barba branca crescer,
Juro que a deixaria em forma de macramê pendurado sobre o rosto.
Quem sabe se assim,
Os amores passados e os sonhos futuros conseguiriam permanecer de mãos dadas,
Entrelaçados na mesma cara
Que transborda em sorrisos e lágrimas diariamente.




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