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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Sobre o Amor e o Acaso

O sobrenome do Amor é Acaso.
Que infelizmente rima com Ocaso, Descaso.
E talvez até Atraso.
Mas, afinal, porque pressa?
Senta um pouquinho enquanto lhe preparo um café.
Afinal, o deus gosta mesmo é da prece lenta.
Da prece com cara de gente.
Feita cachecol-de-lã-da-vó...
Pontilhada vagarosamente em tardes...
Desnudadas de tão nadas...
Amor é o que se aprende aos pouquinhos,
Nos crepúsculos,
Nas decepções,
Nos "perdi-meus-tempos".
Ele habita o território das inutilidades...
Das desnecessidades mais necessárias que existem.
Descasar não é o contrário de casar.
É permitir ao outro a incrível possibilidade de ser mais que um caso.
Amor a gente descobre nas bordas...
Nos cantos de página,
Nos momentos de bobice...
Nos fins das aulas.
Amor é prato bem passado.
E sobrevive em quem se arrisca a perder não apenas tempo.
Mas também a própria vida.
Amor é a cilada paciente do Tempo e suas surpresas.


Um comentário:

Suely Melo disse...

Poema mais rico. É, o amor é isso tudo mesmo. E um pouquinho mais, sempre mais.
Bjs.